Princípio do Não Confisco Fórum Concurseiros, maio 16, 2025 O princípio do não confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88, representa uma importante limitação ao poder de tributar do Estado. Vamos analisar seus aspectos fundamentais: Art. 150, IV, CF/88: É vedado “utilizar tributo com efeito de confisco”. Este princípio proíbe a tributação excessivamente onerosa que comprometa substancialmente o patrimônio ou a renda do contribuinte, assemelhando-se a uma verdadeira apropriação estatal dos bens particulares. Em outras palavras, veda-se a imposição de carga tributária tão elevada que se compare a uma punição ou que inviabilize a atividade econômica do contribuinte. Uma característica importante do princípio do não confisco é que ele constitui um conceito jurídico indeterminado. A Constituição não estabelece um limite objetivo ou percentual a partir do qual a tributação seria considerada confiscatória. Essa análise depende das circunstâncias de cada caso concreto, tendo como parâmetros os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Embora o texto constitucional mencione apenas “tributo”, o STF tem entendido que o princípio do não confisco também se aplica às multas tributárias. No julgamento da ADI 551/RJ, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais dispositivos da Constituição do Estado do Rio de Janeiro que previam multas de 200% a 300% do valor do tributo devido, por considerá-las de caráter confiscatório. Limites para multas segundo o STF: Multa punitiva: MÁXIMO DE 100% do valor do tributo Multa moratória: MÁXIMO DE 20% do valor do tributo Estes percentuais são importantes referenciais para a atuação do legislador e da administração tributária, representando limites que, se ultrapassados, poderão caracterizar efeito confiscatório. O caráter confiscatório deve ser analisado considerando a totalidade da carga tributária imposta ao contribuinte, e não isoladamente em relação a cada tributo, conforme entendimento do STF. Um aspecto importante a ser destacado é que, segundo o STF, a caracterização do efeito confiscatório deve ser analisada em relação à totalidade da carga tributária a que um contribuinte está submetido dentro de determinado período, em relação à mesma pessoa política. Ou seja, deve-se considerar o conjunto de tributos instituídos por um mesmo ente federativo, e não cada tributo isoladamente. EXCEÇÃO IMPORTANTE: Em tributos com finalidade extrafiscal, o princípio do não confisco deve ser aplicado de forma atenuada, admitindo-se alíquotas mais elevadas. O exemplo clássico são as alíquotas do IPI para cigarros, que podem chegar a 300%. Essa tributação elevada é aceita porque visa desestimular o consumo de produtos nocivos à saúde, não tendo finalidade primordialmente arrecadatória. ATENÇÃO PARA CONCURSOS: É fundamental compreender que não há um percentual fixo que caracterize o confisco em todos os casos. A análise é sempre contextual, considerando fatores como a finalidade do tributo, a situação econômica do país, o ramo de atividade do contribuinte e, principalmente, se a tributação compromete direitos fundamentais como o mínimo existencial, a propriedade privada e a livre iniciativa. Geral